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03/06/2018
O futuro está na mesa
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A pesquisa, que envolveu dados de quase 40.000 produtores nos cinco continentes, mostra que a exclusão ou redução do consumo de alimentos de origem animal é capaz de gerar benefícios ambientais que não poderiam ser alcançados de outra forma, nem por amplas melhorias nas práticas de produção e melhorias de produtividade. Segundo os autores, “mesmo os produtos animais de menor impacto têm um impacto ambiental maior do que proteínas vegetais nas emissões de gases de efeito estufa, na eutrofização e acidificação dos ecossistemas, e frequentemente no uso do solo”. O estudo mostra, por exemplo, que 67% do desmatamento global está associado à atividade pecuária, especialmente abertura de pastagens e cultivo de soja e milho (usados como ração para animais criados para consumo). Os resultados desafiam também recomendações frequentes para expandir a aquicultura por seu suposto impacto ambiental reduzido, mostrando que as emissões provenientes da produção de peixes em cativeiro excedem substancialmente as emissões da produção de proteínas vegetais.
O potencial transformador do consumidor
A pesquisa mostra que uma mudança para uma dieta sem produtos de origem animal poderia poupar 3,1 bilhões de hectares de terra (área equivalente ao continente africano inteiro), além de outros benefícios ambientais como redução substancial (50%) nas emissões de gases de efeito estufa, e na diminuição dos riscos de escassez hídrica. Segundo os autores, a simples redução no consumo – por exemplo com consumo de cada produto animal reduzido pela metade – também seria extremamente benéfica.
Mais uma vez, a ciência mostra que uma alimentação baseada no maior uso de proteínas vegetais tem o poder de transformar nossa história no planeta, garantindo a preservação de recursos essenciais às gerações futuras, e dando a milhares de espécies uma chance de sobrevivência. Segundo Cynthia Schuck, diretora científica da Sociedade Vegetariana Brasileira, a mudança nos hábitos alimentares da população é um caminho já sem volta. “Basta saber, no entanto, se o Brasil saberá aproveitar as oportunidades que esta mudança pode proporcionar à economia, ou se irá insistir no apoio a uma atividade que, muito em breve, já não estará alinhada com as necessidades do mercado, tanto no país como fora dele”, diz a bióloga.