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14/10/2025

Novo relatório da EAT–Lancet reforça: dietas à base de vegetais são essenciais para saúde, justiça social e equilíbrio planetário

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EAT–Lancet Commission acaba de lançar, em 2025, uma atualização do seu relatório histórico sobre alimentação, saúde e sustentabilidade — o primeiro, publicado em 2019, foi um marco global ao propor a chamada “Planetary Health Diet” (Dieta da Saúde Planetária).
Seis anos depois, a nova versão reforça a urgência de transformar os sistemas alimentares e coloca a justiça social e a equidade no centro da discussão.

Justiça alimentar e direitos humanos entram no centro do debate

Enquanto a versão anterior enfatizava principalmente os impactos ambientais e de saúde das dietas, o novo relatório amplia o escopo e incorpora temas como trabalho digno, acesso igualitário à alimentação saudável e inclusão de comunidades marginalizadas.
A EAT–Lancet 2025 define que a verdadeira sustentabilidade só é possível quando há justiça alimentar — ou seja, quando os direitos humanos, sociais e ambientais são atendidos de forma integrada.

Dietas baseadas em plantas continuam sendo o padrão ideal

Planetary Health Diet foi reafirmada como o modelo alimentar capaz de prevenir milhões de mortes prematuras e reduzir as emissões de gases de efeito estufa em mais da metade, sem ultrapassar os limites ecológicos do planeta.
A dieta segue majoritariamente composta por frutas, verduras, legumes, leguminosas, castanhas e grãos integrais, com consumo muito reduzido de carnes vermelhas, laticínios e ultraprocessados — mantendo a ênfase em alimentos frescos, locais e culturalmente adequados.

Sistemas alimentares e os “limites planetários”

O relatório também amplia sua análise ambiental: em vez de avaliar apenas as emissões de gases de efeito estufa, passa a considerar nove fronteiras planetárias, incluindo o uso da água, biodiversidade, poluição química e microplásticos.
A conclusão é alarmante: os sistemas alimentares atuais são responsáveis pela transgressão de cinco dos limites planetários já ultrapassados, o que torna insustentável manter o padrão de produção e consumo atual.

A importância das políticas públicas e da agricultura sustentável

A Comissão destaca que a dieta sozinha não basta: é fundamental combinar mudanças nos padrões de consumo com produtividade agrícola sustentável, redução de desperdício e restauração ambiental.
Políticas públicas — como alimentação escolar saudável e compras institucionais sustentáveis — são apontadas como instrumentos decisivos para a transição alimentar, especialmente em países em desenvolvimento.
A agricultura familiar, a agroecologia e o fortalecimento das economias locais são valorizados como pilares de um sistema alimentar mais justo e resiliente.

Oito eixos de ação para transformar o sistema alimentar

A nova EAT–Lancet propõe um plano global de oito eixos prioritários, que inclui:

  • Intensificação ecológica da produção;
  • Redução do desperdício de alimentos;
  • Proteção de ecossistemas e biodiversidade;
  • Melhoria das condições de trabalho e renda no campo;
  • Representatividade de pequenos produtores e povos tradicionais;
  • Incentivos à alimentação saudável;
  • Políticas públicas integradas de saúde e meio ambiente;
  • Regulação de cadeias produtivas e emissões da agropecuária.

O relatório estima que os investimentos necessários para essa transição (US$ 200–500 bilhões por ano) podem gerar retornos até 10 vezes maiores em saúde, produtividade e restauração ambiental.

SVB e EAT–Lancet: objetivos alinhados por um futuro ético e sustentável

As recomendações da EAT–Lancet 2025 dialogam diretamente com a missão da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), que há mais de duas décadas atua para promover uma transição alimentar ética, saudável e sustentável no país.
A SVB trabalha com campanhas educativas, capacitações e políticas públicas, como a implementação de cardápios à base de vegetais em escolas, hospitais e instituições públicas, além de incentivar a agricultura familiar e os sistemas alimentares locais.

“O relatório reforça que a alimentação à base de vegetais não é apenas uma escolha saudável, mas também uma necessidade para garantir o futuro do planeta. É uma forma de cuidar das pessoas, dos animais e dos ecossistemas de forma integrada”, afirma Tatiana Consoli, nutricionista da SVB.

“Há muitos anos a SVB atua lado a lado com o poder público, contribuindo tecnicamente para a implementação de políticas e programas de alimentação escolar e compras públicas sustentáveis. É gratificante ver que o novo relatório da EAT–Lancet aponta exatamente essas estratégias como fundamentais para garantir saúde, justiça social e sustentabilidade”, destaca Mônica Buava, presidente da SVB.

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