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07/10/2014

Mercado Vegano

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Estimativa de Porcentagem de Vegetarianos e Veganos no Brasil

 

No Brasil, 14% da população se declara vegetariana, segundo pesquisa do IBOPE Inteligência conduzida em abril de 2018.

Nas regiões metropolitanas de São Paulo, Curitiba, Recife e Rio de Janeiro este percentual sobe para 16%. A estatística representa um crescimento de 75% em relação a 2012, quando a mesma pesquisa indicou que a proporção da população brasileira nas regiões metropolitanas que se declarava vegetariana era de 8%. Em 2018, isto representava quase 30 milhões de brasileiros que se declaravam adeptos a esta opção alimentar – um número maior do que as populações de toda a Austrália e Nova Zelândia juntas.

 

 

Não há pesquisa no Brasil sobre o número de veganos. Porém, poderia se considerar a porcentagem de veganos (dentre vegetarianos) em países em que pesquisas foram conduzidas, e assim inferir o número de brasileiros veganos, conforme a seguir:

Nos EUA, cerca de 50% dos vegetarianos (16 milhões de pessoas) se declararam veganos em uma pesquisa do Instituto Harris Interactive; No Reino Unido, cerca de 33% dos vegetarianos (1,68 milhões de pessoas) se declararam veganos (Ipsos MORI Institute).

Se adotarmos a porcentagem mais conservadora (33%), temos que dos 30 milhões de brasileiros vegetarianos, cerca de 7 milhões seriam veganos, em 2018.

Protagonismo na América Latina

Dois anos depois, já em 2020, a Ingredion realizou uma pesquisa em parceria com a Consultoria Opinaia, onde os resultados apontaram que cerca de 90% dos brasileiros buscam uma alimentação mais saudável e nutritiva nos produtos vegetais. É o maior índice entre os cinco países pesquisados, cuja lista é formada por Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Peru. Em termos percentuais, o ranking dos três países mais interessados pelos alimentos vegetais é composto por Brasil (90%), Peru (89%) e Argentina (78%). 

 

 

 

Os dados da pesquisa foram obtidos entre os dias 06 e 24 de março de 2020, por meio de entrevista online com 5,7 mil pessoas, maiores de 18 anos, em toda a América Latina. De maneira geral, o público tem uma predisposição relevante a consumir menos carne. Duas em cada três pessoas ouvidas pelos pesquisadores estariam dispostas a consumir menos carne. Há ainda a busca por hábitos saudáveis, com o consumo de mais água, frutas e verduras e reduzindo a quantidade de açúcar na dieta. 

 

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O estudo oferece indicadores que ajudam a entender melhor o comportamento do consumidor Latino-Americano. O cuidado com a saúde (56%) é o principal fator de decisão de compra dos alimentos Plant-Based em comparação aos similares de origem animal, seguido pelo quesito nutritivo (28%) e pela experiência de novos sabores (26%). De maneira geral, 67% dos entrevistados consideram a sustentabilidade das marcas muito importante.

 

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No quesito aceitação de produtos, as massas são as mais procuradas por 74% dos entrevistados, seguida de perto pelos iogurtes (73%), biscoitos (69%) e sorvetes (69%). Os principais atributos que o público geral busca em um produto é formado por preço acessível (61%), sabor agradável (57%) e facilidade de localização nas prateleiras (32%). Em contrapartida, o principal motivo da não compra de alimentos plant-based nos países pesquisados está relacionado ao alto preço (59%). O tema alimentação é assunto de interesse de 73% dos entrevistados. No Brasil, apenas 1% diz não ter interesse sobre o assunto.

 

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Mais de um terço dos Latino-Americanos se identificam com alguma alternativa alimentar atual, segundo a Ingredion. Os números mostram que 37% dos entrevistados da região se reconhecem com movimentos como veganismo, vegetarianismo, flexitarianismo ou pescetarianismo. A grande maioria (80%) considera que as alternativas alimentares à base de vegetais são mais saudáveis, sendo que 44% adotam esse tipo de dieta para prevenir doenças e 39% para ter opções mais variadas. Para 42% dos entrevistados, a saúde e os cuidados pessoais são temas importantes em meio à pandemia provocada pelo covid.

Crescimento do Mercado

 

De Janeiro de 2016 a Janeiro de 2021 o volume de buscas pelo termo ‘vegano’ aumentou mais de 300% no Brasil. 

 

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No Reino Unido, houve crescimento de 360% no número de veganos no país na última década (2005-2015). Nos Estados Unidos, o número de veganos dobrou em 6 anos (2009-2015). 

Tais tendências vem acompanhadas do aumento de produtos e serviços destinados a este público, conforme indicam pesquisas de mercado elaboradas por grupos como Mintel (http://www.mintel.com/global-food-and-drink-trends-2016) e pelo Baum & Whiteman International Food Consultants (http://www.baumwhiteman.com/2016Trends.pdf) e Yahoo Food Trends. 

Por exemplo, na Europa, 14% de todos os novos produtos lançados em 2015 são vegetarianos ou veganos. De 2013 a 2015, o lançamento de novos produtos veganos cresceu 150% no continente.

Segundo empresários do setor de produtos veganos consultados pela Folha (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/07/1787773-pequenas-empresas-de-produtos-vegetarianos-crescem-40-ao-ano.shtml), o crescimento do mercado de produtos veganos no Brasil tem sido da ordem de 40% ao ano, apesar da crise.

Atualmente no Brasil, existem mais de 3.523 estabelecimentos que oferecem pelo menos uma opção vegana no cardápio. Nos supermercados brasileiros também já é possível encontrar muitas versões veganas de produtos cárneos ou lácteos, como nuggets, presuntos, kibes, coxinhas, salsichas, linguiças, sorvetes e requeijões.

O programa de certificação vegana da SVB também é um termômetro do crescimento deste mercado. Com oito anos de existência, o Programa Selo Vegano já contempla mais de 2.900 produtos de cerca de 160 marcas diferentes. A maioria das marcas são de alimentos, mas também há produtos cosméticos, de higiene pessoal, suplementos alimentares, produtos de limpeza, lavanderia e calçados. Mais informações podem ser encontradas em: www.selovegano.com.br e no perfil @selovegano, no Instagram.

Lácteos Vegetais 

O setor de lácteos vegetais também tem ganhado espaço nesse movimento. No primeiro trimestre de 2020, por exemplo, o volume de leite de aveia consumido registrou uma alta de 478% nos Estados Unidos. Os benefícios funcionais da bebida vegetal e o crescimento da intolerância ao leite de origem animal estão entre os principais motivos para a forte demanda. Em contrapartida, o volume de leite de origem animal teve uma queda diária de 3,7 milhões de galões (cada galão tem 3,8 litros), no primeiro semestre de 2020.

Nos próximos cinco anos, a demanda deverá seguir o mesmo ritmo das proteínas e crescer mais de 5% por ano. O estudo da Mordor Intelligence calcula que 85% dos brasileiros possuem algum nível de intolerância à proteína do leite de origem animal, ante 69% dos chilenos e 60% dos argentinos. O crescimento das doenças alérgicas e de intolerância à proteína dos leites de origem animal são apontados por especialistas como os principais fatores para a tendência de crescimento dos leites e derivados vegetais no mercado sul-americano.

Nos próximos sete anos, a Transparency Market Research revela que a preocupação cada vez maior com as mudanças climáticas, a crueldade animal e a saúde devem acelerar a demanda. A tendência é que o queijo vegano continue em alta, com projeção de crescimento de 10% ao ano, até 2027. Com base nessa análise, a consultoria calcula que o mercado de queijo vegano deve movimentar aproximadamente US$ 7 bilhões até o final de 2030. 

A América do Norte e a Europa são as regiões mais disputadas pelo mercado de produtos ‘plant based’, que incluem substitutos de carnes e leites. A busca por um estilo de vida mais saudável é um dos maiores motores para o mercado de proteínas, leites e snacks alternativos. Os produtos à base de vegetais ajudam a reduzir os níveis de açúcar e gordura no sangue, além de minimizarem o impacto ambiental e o sofrimento animal.

Mundialmente, cerca de 70% dos consumidores estão mudando de dieta para prevenir obesidade, diabetes e colesterol, segundo a rede de supermercados britânica Sainsburys. Ainda de acordo com projeções do estudo da rede supermercadista, um quarto da população britânica deverá ser vegetariana e metade ‘flexitariana’, em 2025.

 

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Avanço Flexitariano

Segundo o estudo ‘O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant Based’, elaborado em 2020 pelo The Good Food Institute (GFI), 49% dos participantes afirmam ter reduzido o consumo de carne nos últimos 12 meses, e destes, cerca de 85% das pessoas disseram que experimentariam carnes vegetais que fossem idênticas às de origem animal. Os dados foram compilados entre os dias 11 a 20 de maio de 2020 durante entrevistas com duas mil pessoas, do sexo masculino e feminino, com mais de 18 anos. A região que lidera este movimento é o Nordeste, onde 53% da população afirma ter reduzido o consumo de produtos de origem animal.

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A prioridade do consumidor é a experiência de consumo semelhante à do produto tradicional. Possuir sabor, aroma e textura igual ou melhor foi apontado por 62% dos participantes como a característica mais importante. A vontade de consumir um produto o mais natural possível ficou bastante próxima do primeiro lugar, com 60% das pessoas também escolhendo essa característica, indicando que o consumidor valoriza a percepção de naturalidade nos produtos. Logo em seguida foi priorizado o valor nutricional igual ou melhor, com 59%.

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Mais vegetais

A mais recente pesquisa do consultoria Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC), antigo Ibope Inteligência, realizada em fevereiro deste ano a pedido da SVB, reforça o avanço flexitariano. As entrevistas foram feitas com um total de 2.002 pessoas em todo o Brasil e revelou que o público acima dos 35 anos está buscando dietas mais saudáveis, com mais vegetais e menor consumo de carnes. Os dados mostram ainda que 46% dos brasileiros com este perfil pararam de consumir carne, ao menos uma vez por semana, por vontade própria.

 

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Outro dado interessante da mesma pesquisa que reforça a mudança no comportamento dos consumidores é que mais de 30% das pessoas já escolhem opções veganas em restaurantes e outros estabelecimentos. Os resultados deste ano impressionam, mas em 2018 a SVB já havia encomendado outra pesquisa – ao mesmo instituto, à época ainda chamado de Ibope – cujos números apontavam que 14% dos brasileiros se consideravam vegetarianos, e a maioria da população do país já estava disposta a escolher mais produtos veganos. 

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A transformação no perfil de consumo pode ser associada à grandiosidade do Programa Segunda Sem Carne (SSC), considerado o maior do mundo e cujas refeições distribuídas pelos parceiros superam a marca de 400 milhões, ao longo dos doze anos de existência do trabalho.

Ainda de acordo com a pesquisa, a maioria das pessoas que reduziu o consumo de carnes (39%) possui o nível médio de escolaridade, seguido pelos ensinos superior (22%) e fundamental (19%). A maior parte do público (62%) mora no interior, enquanto 25% vive na capital e 14% nas periferias.  Os números indicam que há um novo perfil de consumidor, mais adepto ao que chamamos de flexitarianismo, que é quando as pessoas reduzem por vontade própria o consumo de carnes e derivados de produtos animais.

 

A região Sul do país, com 41%, lidera o ranking dos flexitariano, seguido Nordeste (39%), Sudeste (35%) e Norte/Centro-Oeste (32%).

Proteínas Vegetais 

De acordo com o estudo ‘Indústria de Proteínas Alternativas’, feito pelo The Good Food Institute (GFI), a proteína vegetal ganha cada vez mais força e a exportação de produtos vegetais representa um enorme potencial. Ainda na análise do GFI, dados publicados por J.P Morgan, Barclays e A.T. Kearney calculam que o mercado de carnes vegetais deve alcançar entre US$ 100 bilhões e US$ 370 bilhões até 2035, o que representa entre 7% e 23% do mercado global de carnes de origem animal. 

O GFI também menciona uma pesquisa realizada pela IPSOS, cujo resultado revela que 73% dos chineses estão abertos a substituir a carne por uma alternativa vegetal. A demanda por proteínas no país é gigante, assim como a abertura para as alternativas vegetais. 

Em 2020, a consultoria NielsenIQ calculou que as carnes artificiais (ou vegetais) representaram cerca de 1,5% do total das vendas no varejo. No ano anterior, este número era de 1,2%. 

Nos Estados Unidos, mais da metade dos produtores acredita que o mercado de carnes vegetais deverá alcançar 10% do total de proteínas, nos próximos cinco anos. Empresas como a Beyond Meat Inc. e a Impossible Foods Inc., cujas salsichas e hambúrgueres à base de plantas imitam a carne animal serão as mais beneficiadas. 

No estudo da consultoria britânica ‘Research and Markets’, a expectativa é que as vendas de proteínas vegetais devem crescer 5% por ano, nos próximos quatro anos. Em 2024, a receita do setor deverá chegar a US$ 6,6 bilhões. O número é cerca de 40% maior ao montante registrado em 2018, quando todo o setor acumulou US$ 4,8 bilhões em vendas.

Carne in vitro

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A carne de laboratório, ou carne in vitro, ou carne limpa como vem sendo chamada, obviamente não é um produto vegetariano, nem tampouco destinado àquelas pessoas que já optaram por uma alimentação vegetariana. A iniciativa, entretanto, tem diversos pontos positivos, a saber: 

– Ética: Permitirá a população que não quer deixar de consumir produtos de origem animal (ou não tem motivação/informação suficiente) – infelizmente ainda a maioria – consumir um produto cárneo que não envolve o sofrimento e a morte de animais. Como sabemos, muitos vegetarianos assim o são por questões éticas e pela compaixão aos animais. A carne de laboratório é uma aliada neste sentido; 

– Saúde: A carne limpa é um produto mais benéfico do que a carne convencional do ponto de vista de saúde pública. Alguns dos grandes problemas do consumo de produtos de origem animal envolvem, por exemplo, as contaminações alimentares (por Salmonella, Campylobacter, Listeria, E.coli, dentre outros), os riscos de epidemias e pandemias (ex. gripe aviária) com consequências para a população humana e, talvez o mais grave, a contribuição da indústria pecuária na aceleração do processo de resistência a antibióticos entre a população humana em função do uso massivo e indiscriminado de antibióticos como profiláticos e promotores de crescimento em sistemas industriais de criação. No caso da carne limpa, estes problemas deixam de existir. 

– Meio Ambiente: do ponto de vista ambiental, a carne limpa também é energeticamente mais eficiente do que a produção de carne convencional, requerendo assim menos terra, emitindo menos gases, dentre outros (além de eliminar outros impactos ambientais, como por exemplo a poluição de corpos d’água). Veja abaixo uma figura que resume um pouco a diferença da carne de laboratório com a carne convencional em termos de impactos (referência: https://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/es200130u)  

 

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Há também muitos investimentos na área para conseguir linhagens celulares com potencial de replicação quase infinito, ou seja, que a partir de uma única biópsia, o material possa se multiplicar milhões de vezes. Outro desafio das startups trabalhando nestes projetos é o empenho em produzir um meio de cultura adequado ao crescimento da carne in vitro que seja totalmente livre de animais – algo que já está sendo conseguido em fases experimentais.    

Fontes: Ingredion/Opinaia; IPEC; Folha de S Paulo; CBInsights; Vegeconomist; Vegeconomist; CNBC; Mordor Intelligence; Transparency Market Research; Sainsbury’s; ‘O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant Based’, The Good Food Institute (GFI); Consultoria NielsenIQ; Consultoria ‘Research and Markets’; Organização das Nações Unidas (ONU); J.P Morgan; Barclays; A.T. Kearney; IPSOS; e ‘Indústria de Proteínas Alternativas’, The Good Food Institute (GFI).

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