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22/09/2022

Relatório do Congresso Vegetariano Mundial em Goa

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A Índia está muito mudada, globalizada, como de resto o mundo todo, mas, sem dúvida, ainda recende seus odores característicos e seus velhos costumes, sobretudo na culinária e no vestuário – muito embora as novas gerações já tenham adotado costumes ocidentais no vestir, e tudo leve a crer que em poucas décadas será algo raro encontrar alguém na Índia usando seus trajes típicos.

Goa, o lugar escolhido para sediar o 37o Congresso Vegetariano Mundial, ocorrido de 10 a 16 de setembro de 2006, tem, para nós brasileiros, um ar familiar, pela forte influência portuguesa. Quase 500 anos de colonização deixaram sua marca na arquitetura, nos letreiros, nos nomes, na culinária, na música, na religião. Em toda a parte se encontram vestígios da passagem dos portugueses.

Situado num lugar privilegiado da costa goense, o Hotel Radisson desincumbiu-se muito bem da tarefa de se adaptar aos ditames de um Congresso Vegetariano, seja na montagem de espaços para as demonstrações culinárias, o banquete e as atividades diversas, seja na culinária 100% vegetariana (vegana).

Não é fácil para um país com forte tradição milenar em que o leite e seus derivados fazem parte quase que inseparável da arte de cozinhar, se adaptar a essa exigência. Mas, sob a orientação da Pinky, proprietária de um restaurante vegetariano em Mumbai, e com a boa vontade do chef do Hotel, todos os dias fomos brindados com deliciosos pratos da culinária indiana, totalmente veganos. Foi certamente um avanço e um marco significativo na história do vegetarianismo na Índia.

O Congresso teve um sabor oriental, como não podia deixar de ser. E isso mesmo é o que confere a cada congresso – que acontece em distintas e variadas regiões do planeta, tônicas e oportunidades diferentes e únicas.

Uma agradável surpresa foi a grande e animada delegação chinesa, da Chinese Vegetarian Union. O grupo marcou presença: super-organizado e participativo, deixou sua marca, apesar das dificuldades de comunicação por causa da língua. Fizeram várias apresentações teóricas e práticas. Trouxeram uma equipe de TV – que tudo registrou.

Este grupo é tão mais importante por ser a China o país mais populoso do mundo, com mais de um bilhão de habitantes e uma antiga tradição vegetariana que se encontra quase perdida e cujo resgate é importantíssimo. Segundo a FAO 23% dos chineses adultos estão com sobrepeso ou obesos.

Presença também de países que dificilmente participam de Congressos Mundiais, em razão, sobretudo, da distância, como Tailândia, Indonésia, Malásia, Singapura e Irã, além de Japão e Taiwan.

A propósito, o próximo Congresso Vegetariano Asiático, se realizará em Taiwan, em novembro de 2007. Estão todos convidados. Taiwan, como se sabe, tem muitos vegetarianos e, com certeza, o Congresso vai ser espetacular.

A delegação brasileira compareceu desta vez com seis integrantes, com destaque para as “brazilian gopis”. Três integrantes de nosso grupo apresentaram trabalhos. Melhoramos nossa participação a cada Congresso. Isso é muito bom.

O programa do Congresso foi bastante diversificado, com ênfase no que mais a Índia tem a contribuir, que é o aporte filosófico e das grandes religiões nela gestadas, como o hinduismo, o budismo e o jainismo. Os mais variados aspectos do vegetarianismo foram tratados por palestrantes de renome, nacionais e internacionais. A programação artística estava excelente, com dança de várias regiões da Índia.

Jashu Shah, presidente do Congresso e presidente da União Vegetariana Asiática, além de coordenador para a Ásia da União Vegetariana Internacional, liderou todo o evento, com nítida satisfação, à frente de uma equipe dedicada. Jashubhai, como é tratado na Índia, (bhai quer dizer grande irmão) tem muitos anos de dedicação à IVU, com uma ampla folha de serviços prestados. Após 24 anos de contribuição como Membro do Conselho Internacional da IVU, no atual Congresso abdicou de sua posição.Uma das coisas mais importantes dos Congressos Vegetarianos é a convivência com pessoas das mais diversas culturas e regiões do mundo, unidas pelo mesmo ideal.

 

Nada substitui esse contato pessoal que nos faz sentir que somos parte afinal de uma única família humana. Esses encontros servem para criar e aprofundar laços de amizade e colaboração que redundam no fortalecimento do movimento vegetariano internacional, objetivo principal de sua realização.

 

Que a realização deste Congresso alimente a chama vegetariana que já ardeu em todo o subcontinente nos tempos de Asoka, fazendo com que toda a Índia reencontre seu passado glorioso a partir de um hábito tão simples, mas tão importante em suas implicações que é

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