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21/12/2009
Vegetarianos no Klimaforum
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A SVB abriu as apresentações, das 10:00 ao meio-dia do dia 8 de dezembro, com a sala lotada. O tema foi a Destruição da Floresta Amazônica e Mudanças Climáticas. 80% das Floresta Amazônica é destruída pela pecuária e a produção de soja (para ração). Cerca de um milhão de hectares são queimados todos os anos e as emissões resultantes são mais elevadas do que todas as emissões das grandes cidades e transportes somados. Para reduzir as emissões de gases de efeito estufa é preciso tratar do problema do consumo de carne e outros produtos de origem animal. A palestra ganhou destaque no jornalzinho diário do Klimaforum e foi gravada por uma TV internacional. Também houve boa cobertura de mídia.
No dia 10 tivemos um painel sobre Consumo de Carne e Mudanças Climáticas, organizado pela Sociedade Vegetariana da Dinamarca e a Aliança VegClima. Falaram o primeiro deputado vegano no Parlamento Europeu, o sueco Jens Holm, que ficou entusiasmado com nossa campanha Segunda sem Carne, Sonja Lewandowsky, da Alemanha, Sune Borkfelt, presidente da Sociedade Vegetariana Dinamarquesa e Wayne Kao, do Taiwan, também bem concorrida. Uma grande mudança nas dietas à base de carne é parte essencial dos esforços para interromper as mudanças climáticas e outras ameaças ambientais. Foram considerados diferentes relatórios, inclusive “A Grande Sobra da Pecuária” da FAO. Discutiu-se a questão de como aumentar a consciência da relação entre alimentação e mudanças climáticas e como reduzir o consumo de produtos de origem animal em favor de dietas de origem vegetal.
Teve também, no dia 13, uma interessante apresentação da organização NOAH Soja e Porcos para Alimentação e Combustível, com Mario Monti, Jorge Rulli, Jorge Galeano e Marek Kryda. A Dinamarca produz 25 milhões de porcos anualmente usando soja transgênica da Argentina. A indústria da soja e de suínos espera agora suprir os mercados com a assim chamada energia renovável. Se a agricultura for incluída no acordo de mudanças climáticas e se a agricultura de “não-cultivo” for tratada como amortizadora de carbono, a produção intensiva de porcos e a monocultura de soja transgênica serão recompensadas com créditos de carbono, quando deveriam ser condenadas como destrutivas.
No dia 15, foi projetado o DVD “Meat the Truth – Uma Verdade Mais que Inconveniente, com a presença da parlamentar do Partido pelos Animais da Holanda, Marianne Thieme. Este documentário é uma resposta ao Uma Verdade Inconveniente, de Al Gore, demonstrando como a pecuária de fato gera mais gases de efeito estufa do que os transportes e a indústria combinados. A questão do impacto da pecuária sobre a escassez da água e a distribuição desigual de recursos alimentares também é tratada.
No dia 16, foi projetado o documentário Mundo Carne: China, da Brighter Green. Filmado na China, o documentário tenta responder a pergunta: “Podem as pessoas no mundo em desenvolvimento comer tanta carne e lacticínios como os povos de países industrializados sem destruir o planeta? E elas realmente querem?”
No dia 17, teve a apresentação “Comendo o Planeta”, de Lasse Brunn e Barbara Romanowicz, da Compassion in World Farming, mostrando que o crescimento da pecuária e seus significativos impactos sobre o clima será o próximo grande tema no debate internacional. Foi analisado se os sistemas de alimentação sustentável humana podem resolver os desafios do clima, da água e da segurança alimentar.
Finalmente, no dia 17 ainda houve a apresentação Comida para a Alma: as bases da alimentação espiritual, da organização Vegetariana Lordag. Cure o mundo pela cura de si mesmo. O vegetarianismo, a simplicidade e a espiritualidade andam juntos e formam uma alternativa substancial para um estilo de vida de produção e consumo irrestritos.
Realmente para um fórum internacional com 190 apresentações, estas sete representaram menos de 0,5% – um espelho do estado da arte do vegetarianismo no mundo. Tanto mais espantoso, porque a indústria da carne e outros produtos de origem animal estão entre os principais fatores que contribuem para as mudanças climáticas e muitas outras mazelas ambientais. Além disso, vários outros impactos e benefícios estão ligados ao consumo ou não de carne, entre os quais, grandes benefícios para a saúde humana. Esta mesma indústria significa sofrimento e crueldade incomensuráveis para os animais. Nas apresentações dos governos o tema mal foi tocado. E mesmo as centenas de ONGs que participaram praticamente não tocaram no assunto. Falar-se tão pouco desse tema tão relevante para a solução dos próprios problemas em foco nesse encontro revela o estado bárbaro em que se encontra nossa civilização.
De qualquer modo, na parada do dia 12 tivemos vários grupos vegetarianos representados, entre os quais, um grupo da Áustria, que veio com uma van puxando um porco imenso, chamado de Grunzi, que se abria e virava uma sala de projeção. A van conseguiu estacionar por dois dias na frente do Klimaforum e mais tarde em um pátio nas adjacências, onde passou vários DVDs, entre os quais Terráqueos. Ganhou destaque no jornalzinho diário do Klimaforum. Esta van e outra mais puxando também um porco, encerraram a grande manifestação do dia 12, de 100 mil pessoas. Na manifestação havia também outros dois grupos da Alemanha e o grupo da Dinamarca. A TV da Suprema Mestra Ching Hai se fez presente, não só em todas as palestras que tinham a ver com o tema vegetarianismo, filmando tudo e entrevistando todos, mas também na passeata dos 100 mil e no Fórum paralelo dos grupos vegetarianos ocorrido no Mogens Dahl Koncertsal, um centro cultural em Copenhague, organizado pela Aliança VegClimate, onde a SVB também fez sua apresentação.
Outros grupos e pessoas também fizeram menção à relação entre consumo de carne e mudanças climáticas, como a apresentação financiada pelo governo Holandês Meat: How far can governments go in influencing lifestyles? (Carne: Em que medida os governos podem influenciar nos estilos de vida) e a ativista Vandana Shiva, que, por sinal, prestou seu apoio à campanha Segunda sem Carne no Brasil, entre outros.
Também não dá para deixar de mencionar os três grupos que trabalharam duro para fornecer comida vegana orgânica para milhares de pessoas no Klimaforum, servida na base da contribuição (de pelo menos 20 krones, cerca de 4 dólares). Para os veganos e vegetarianos foi a salvação, mas também para muitos outros, pois a comida servida dentro do local do evento era cara, industrializada e à base de carne ou lacticínios e ovos. Um dos que serviu cerca de 3 mil refeições veganas e orgânicas por dia foi o Peoples Kitchen, formado por vários grupos voluntários de diferentes países (Inglaterra, Suécia, Alemanha, Holanda…). Serviram comida vegana em seis pontos da capital dinamarquesa.